segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Filosofia do dia: Buddy, e a sua última graça

Escrevo este texto esperando a qualquer momento ser interrompido pelos latidos graves de Buddy, e ter que sair lá fora pra ver ele se chaqualhando todo de alegria, olhando pra mim e latindo, com aquela cara de tonto que só ele tem, babando pelo chão como só ele faz, como que acreditando que eu vá brincar com ele praticamente à meia noite em plena segunda-feira; porém, hoje ele não vai latir...


Buddy, e a sua última graça


Buddy, o filhote de basset hound que quando chegou em minha casa, em pleno sábado a tarde, tinha o tamanho de muito cachorro adulto de outra raça, algo que a princípio colocou receio em todos nós, até percebermos que ele era apenas um bebê gigante e bobo.
Lembro-me como se fosse hoje, ele em seu primeiro dia vasculhando o quintal todo, eufórico, com o rabo parecendo uma hélice de avião, e soltando aquela baba toda que pensamos ser por causa apenas do calor, e não, não era mesmooo. Ele após conhecer o quintal todo, não se deu por satisfeito, e adentrou a casa como se fosse um rei; e cheio de pose, foi assim que ele parou em pleno tapete da sala, e sim: essa foi a primeira de muuuitas vezes que presenciei a cena de minha mãe correndo insandecida pela sala atrás dele, e ele quase que caminhando pra fora, numa tranquilidade que deixaria as vacas da Índia com tremenda "dor de cotuvelo".
E assim ele foi não só no primeiro dia mas em todos os seguintes, desde o primeiro minuto se apegou a nós, e nós a ele, de maneira que pareciamos ter nos conhecido em alguma outra encarnação, onde ele devia ser um dinossauro rebelde e nós "homens" da caverna tentando domá-lo. HAHAHA'
Uma coisa que ele nos ensinou desde o começo sobre sua "personalidade canina", foi que ao contrário do normal das relações de humanos com animais; ele é quem ditaria o ritmo das coisas, ou seja, ou você tentava ter uma tremenda paciência com ele, ou ele acabaria te deixando LOUCO. E aí vocês perguntam: sentia raiva dele???
E eu respondo: SIM, porém ela durava uns 5 segundos em sua frente, que era o tempo dele ou virar a cabeça de lado como que se fazendo de desentendido, ou dele deitar com a cabeça no meio das pernas da frente e fazer uma cara de inocente que derretia o coração de qualquer um, imagine então do seu dono companheiro de volta na pracinha.
Ahhhhhh! As voltas na pracinha!
Se tinha uma coisa que fazia ele quase falar, era você mostrar a coleira pra ele e dizer: "Vamo passear Buddy?"
Nossa, ele ficava louco, saia pela rua a todo vapor, e no final das contas, você percebia que ele que estava levando você pra passear, porque ele ia onde bem queria, e coitadooo de quem tentasse contrariar seu gênio difícil. E eu bem que tentei uma vez, porém descobri que uma pequena distração após contrariar seu destino, custava um baita de um puxão pela praça, um chinelo estourado, e um dedão esfolado na quina do canteiro.
Mas tudo bem, para não contrariar, bastava deixar ele fazer "xixi" em praticamente TODAS as árvores da praça, e sim, ele dava conta dessa proeza.
Quando ele acordava com energia de sobra, não dava sucego pra ninguém, atentava qualquer um que passasse por perto, e meu gato que o diga, o coitado é todo torto de receber as brincadeiras de aguentar um peso de 20 kilos do querido Budy em cima dele.
Mas não sobrava só pro gato e pra nós não, um dia a vítima foi um lençol que estava no varal secando, e ele conseguiu a proeza de arrancar no dente, e fazer muuuitos pequeninos lençois. Depois foi só eu vendo minha mãe gritar com ele uns 15 minutos seguidos, e ele tentando todas suas artimanhas de partir coração pra cima dela, até que a noite ela já estava brincando com ele feito uma criança de 5 anos. HAHAHAHAHAHA'
Meu também já sofreu na mão do "furacão Buddy", que é como eu poderia chamar seus dias de euforia.
Pois então, estava meu pai saindo no portão com sua mala, de terno e gravata, todo pompoooso pra viajar pra Brasília, quando vem o dog das trevas e dá aqueeeeeeela babada na calça dele, e ele tentando escapa dele correndo segurando a mala pesadíssima, ou seja: fuga fail.
Meu irmão coitado, só o pó da rabiola, uma vez quase tomou uma rasteira do Buddy tentando joga bola com ele, pois é, futebol meu cachorro levava a sério, ele ia literalmente com "unhas e dentes" na bola. HAHAHAHAHAHA'
Só sei que se eu fosse conta todas as armadas de Buddy, eu ficaria aqui por 5 horas consecultivas e seria muito pouco perto do que ele aprontou.
Então quero resumir aqui o fim dizendo apenas o que ele significava pra mim:
Para mim quando eu passava a mão em sua cabeça, era como comprimentar um amigo com um aperto de mão; quando o chamava, era como chamar um amigo pra compartilhar de sua presença; quando ria de suas palhaçadas, era como rir de um amigo contando uma piada; quando passeava com ele, era como ir ao lugar mais bacana do mundo com meu melhor amigo, mesmo que fossemos apenas até a pequena pracinha eu e ele; quando chegava em casa e ele vinha logo me receber, era como receber um abraço todos os dias, antes mesmo até de abrir o portão; quando ele me irritava, era como se irritar com um amigo, e por mais intenso que fosse, eu sabia que ia passar porque a amizade sempre prevalece; quando viajava, e sentia falta dos seus pulos nas minhas pernas, era como sentir a falta do abraço de um irmão; e hoje, quando ele partiu, foi como dizer adeus à alguém de minha família; e quando eu chorei, cada lágrima foi por alguém que com sua pura e singela irracionalidade, me fez sentir amparado, me fez sentir AMIGO.

A última graça de Buddy não teve graça, pois ela consistiu em ir brincar no céu, e de lá ele não consegue me ouvir chamar seu nome...


22/02/2010♀

"Descanse em paz aí no céu canino onde você está, e não pare de fazer farra pra não perder a forma hein, em outra vida a gente se encontra, e que seja tudo como foi: teimosia e aceitação, paciência e stress, pracinha e passeio, farra e sucego, homem e cachorro, AMIGO e AMIGO" Kayki Martins

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